Ainda é comum, nos Estados Unidos, ouvir a denominação Glider para alguns tipos de caminhões. Esses veículos são caminhões considerados remanufaturados, que serviam para muitos transportadores rodarem com caminhões quase totalmente novos, mas com motores, transmissões e eixos de modelos mais antigos.
Com isso, quando um caminhão sofria um sinistro ou chegava ao final da sua vida útil, o proprietário poderia optar por um modelo Glider, usando peças mecânicas do seu caminhão antigo, e reduzindo o custo de aquisição de um caminhão novo em dezenas de milhares de dólares.
A maior empresa do ramo era a Fitzgerald, que, junto com a Harrison Truck Centers e a Indiana Phoenix produziam mais de 10 mil unidades desse tipo de caminhão por ano.
Mas, com o aumento da abrangência das leis ambientais, que reduzem os limites de emissões, a produção acabou ficando cada vez mais apertada, e o negócio morreu.
A Agência de Proteção Ambiental começou a mudar as regras para os Glider Kits depois de 2012, limitando o uso de motores antigos, que eram a preferência dos transportadores, como motores Caterpillar produzidos antes dos anos 2000, e, depois, impendindo que as empresas produzissem mais de 300 caminhões do tipo por ano.
Outras regras exigiam que os caminhões Glider tivessem limites de emissões muito próximos de caminhões novos. Para não morrer de vez, as empresas que produziam esses caminhões partiram para outros setores, como a compra de concessionárias e manutenção de veículos.
Pesquisas realizadas em 2017 com os caminhões Glider mostraram que eles emitiam até 43 vezes mais óxidos de nitrogênio e 55 vezes mais material particulado do que caminhões novos produzidos pelas montadoras tradicionais.
Atualmente, a Fitzgerald não produz mais caminhões Glider, mas entrou em uma batalha legal contra diversos órgãos federais, incluindo a Receita Federal norte americana, para tentar reverter uma alta cobrança de impostos relacionada aos anos de 2012 a 2014.
A empresa, que já chegou a empregar mais de 200 funcionários na época de alta das vendas dos Glider Kits, hoje atua com menos de 10 funcionários próprios.
O julgamento da ação contra a Receita Federal norte-americana está marcado para Julho, e, se a Fitzgerald for condenada pela Justiça, poderá ter que pagar até US$ 90 milhões.
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